Isso sucede porque são mutáveis as situações que
ensejam as observações, estas que são matrizes conceituais.
Os referidos como expressões do pensamento que são, acomodam-se
aos ambientes a que servem desde o vulgar comum, ao de grupos de pessoas, tecnológicos,
científicos, filosóficos, seja aonde possam ser buscados.
O científico deve condicionar-se ao seu nível, ou seja, superior,
mas, sem perder a qualidade do entendimento.
Aumenta ainda mais a responsabilidade conceitual quando além de científico
exigível se faz prestar utilidade a leigos.
Na ânsia de expressar idéias, todavia, surgem imprecisões
e sofisticações que nem sempre se consagram e que em vez de auxiliarem
passam a criar imprecisões de entendimentos quando traem o idioma.
Assim está a ocorrer com a verdadeira catadupa de impropriedades que
está a contaminar a Contabilidade com as traduções de termos
anglo-saxônios.
Tal fato além de distúrbio é aético.
Isso porque a riqueza do idioma português dispensa subserviência
cultural, esta que é pior que a escravidão por aprisionar a mente
por abdicação de liberdade, enquanto aquela só o faz em
relação ao corpo.
No campo contábil, por exemplo, em matéria dedicada a questões
redituais, é preciso que pelo menos bem se elucide sobre o que se pretende
dizer a respeito de cada um dos componentes do sistema (custos e receitas).
Tão importantes são os conceitos originários como o são
os derivados, seqüenciais e interativos e embora tradicionais começam
a ser corrompidos.
Passo a exemplificar.
Custo, Receita, Lucro fazem parte de um sistema definido e a Prosperidade deste
vem a defluir.
Logo, imprescindível é que estejam bem ligadas as idéias
e que estas se expressem de forma objetiva, coerente e clara.
Assim, por exemplo, por “Custo de conveniência”, neologismo
contábil (não se encontra na literatura tradicional) tem-se procurado
expressar a idéia de um valor a ser conseguido na produção
de um artigo ou serviço que possa satisfazer a necessidade de formação
de um preço competitivo ou eficaz.
Melhor, portanto, seria dizer “Custo de conveniência mercadológica”,
pois, além de completar a idéia, proteger-se-ia a expressão
quanto ao sentido vazio que pudesse gerar, diante de uma pergunta: “conveniência
de que ou de quem”?
Não é, no caso, apenas uma falha semântica, mas, de expressão
de fenômeno (falha que não é só da Contabilidade,
mas, freqüente em muitos ramos, inclusive de ciências mais antigas
que as Humanas).
O então “custo de conveniência mercadológica”,
sendo um “custo eficaz”, a este seria requerido igualmente conceituar.
Por indução é de admitir-se que “Custo eficaz”
venha a ser o que possibilita a produção de lucro que remunere
adequadamente o investimento, através, também, de uma “Receita
eficaz”, ou seja, a que venha a satisfazer plenamente a produção
do lucro, por superação dos custos.
Isso implica entender por “Receita eficaz” a que tem a competência
de ressarcir a empresa de seus custos e deixar margem para ensejar o “Lucro
eficaz”.
Sequencialmente, no processo lógico de uma terminologia, necessário
seria, também, conceituar como em decorrência o “Lucro eficaz”,
ou seja, aquele que permite à empresa a “Prosperidade”.
Chegando-se assim ao fim de uma linha conceitual só restaria entender
como “Prosperidade”, uma eficácia absoluta de forma constante
e sucessiva, ensejando a elasticidade ou crescimento do capital da empresa.
No caso, em sentido amplo, se englobaria a idéia de que a ponta da linha
dessa cadeia de idéias sugere entender a da “Vitalidade Patrimonial”,
associada a uma constante perseguição da redução
dos riscos.
Esse encadeamento de razões e relações lógicas é
o que enseja outra seqüência: a dos teoremas científicos em
Contabilidade, estes que são as bases que apóiam as teorias, estas
que sustentam modelos de comportamentos da riqueza e empresta qualidade científica
ao conhecimento.
Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras,
honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra,
1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências
Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador,
Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente
da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica,
autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.