11/12/06 - Conceitos contábeis sequenciais relativos ao rédito

Os conceitos progridem no tempo e acomodam-se a circunstâncias.


Isso sucede porque são mutáveis as situações que ensejam as observações, estas que são matrizes conceituais.


Os referidos como expressões do pensamento que são, acomodam-se aos ambientes a que servem desde o vulgar comum, ao de grupos de pessoas, tecnológicos, científicos, filosóficos, seja aonde possam ser buscados.


O científico deve condicionar-se ao seu nível, ou seja, superior, mas, sem perder a qualidade do entendimento.


Aumenta ainda mais a responsabilidade conceitual quando além de científico exigível se faz prestar utilidade a leigos.


Na ânsia de expressar idéias, todavia, surgem imprecisões e sofisticações que nem sempre se consagram e que em vez de auxiliarem passam a criar imprecisões de entendimentos quando traem o idioma.


Assim está a ocorrer com a verdadeira catadupa de impropriedades que está a contaminar a Contabilidade com as traduções de termos anglo-saxônios.


Tal fato além de distúrbio é aético.


Isso porque a riqueza do idioma português dispensa subserviência cultural, esta que é pior que a escravidão por aprisionar a mente por abdicação de liberdade, enquanto aquela só o faz em relação ao corpo.


No campo contábil, por exemplo, em matéria dedicada a questões redituais, é preciso que pelo menos bem se elucide sobre o que se pretende dizer a respeito de cada um dos componentes do sistema (custos e receitas).


Tão importantes são os conceitos originários como o são os derivados, seqüenciais e interativos e embora tradicionais começam a ser corrompidos.


Passo a exemplificar.


Custo, Receita, Lucro fazem parte de um sistema definido e a Prosperidade deste vem a defluir.


Logo, imprescindível é que estejam bem ligadas as idéias e que estas se expressem de forma objetiva, coerente e clara.


Assim, por exemplo, por “Custo de conveniência”, neologismo contábil (não se encontra na literatura tradicional) tem-se procurado expressar a idéia de um valor a ser conseguido na produção de um artigo ou serviço que possa satisfazer a necessidade de formação de um preço competitivo ou eficaz.


Melhor, portanto, seria dizer “Custo de conveniência mercadológica”, pois, além de completar a idéia, proteger-se-ia a expressão quanto ao sentido vazio que pudesse gerar, diante de uma pergunta: “conveniência de que ou de quem”?


Não é, no caso, apenas uma falha semântica, mas, de expressão de fenômeno (falha que não é só da Contabilidade, mas, freqüente em muitos ramos, inclusive de ciências mais antigas que as Humanas).


O então “custo de conveniência mercadológica”, sendo um “custo eficaz”, a este seria requerido igualmente conceituar.


Por indução é de admitir-se que “Custo eficaz” venha a ser o que possibilita a produção de lucro que remunere adequadamente o investimento, através, também, de uma “Receita eficaz”, ou seja, a que venha a satisfazer plenamente a produção do lucro, por superação dos custos.


Isso implica entender por “Receita eficaz” a que tem a competência de ressarcir a empresa de seus custos e deixar margem para ensejar o “Lucro eficaz”.


Sequencialmente, no processo lógico de uma terminologia, necessário seria, também, conceituar como em decorrência o “Lucro eficaz”, ou seja, aquele que permite à empresa a “Prosperidade”.


Chegando-se assim ao fim de uma linha conceitual só restaria entender como “Prosperidade”, uma eficácia absoluta de forma constante e sucessiva, ensejando a elasticidade ou crescimento do capital da empresa.


No caso, em sentido amplo, se englobaria a idéia de que a ponta da linha dessa cadeia de idéias sugere entender a da “Vitalidade Patrimonial”, associada a uma constante perseguição da redução dos riscos.


Esse encadeamento de razões e relações lógicas é o que enseja outra seqüência: a dos teoremas científicos em Contabilidade, estes que são as bases que apóiam as teorias, estas que sustentam modelos de comportamentos da riqueza e empresta qualidade científica ao conhecimento.


Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br

Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.