PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Gerenciais e Econômicas

Curso de Ciências Contábeis

Teoria e Tecnologias Gerenciais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A CIÊNCIA E A ARTE DE SER DIRIGENTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Elaine Silva

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Belo Horizonte, 10 de outubro de 2005

 

 

 

 

 

 

 

 

Elaine Silva

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A CIÊNCIA E A ARTE DE SER DIRIGENTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Trabalho apresentado à disciplina: Teoria e Tecnologias Gerenciais do 2º Período do Curso de Ciências Contábeis Noite do Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais da Puc-Minas-BH

 

Professora: Tânia Correa Carl

 

 

 

 

 

 

 

 

Belo Horizonte, 10 de outubro de 2005

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho tem como tema A Ciência e a Arte de Ser Dirigente, buscando o objetivo de demonstra como a gerência administrativa influencia nos diversos setores e departamentos em uma organização.

 

Destaca em seu conteúdo, que a gerência não é fixa, estática, ele é e deve ser mutável, aberta a novos conhecimentos, para acompanhar satisfatoriamente o desenvolvimento da sociedade em que a organização está inserida.

 

Demonstra também que, o gerente, o líder está integralmente envolvido nas tomadas de decisões, sejam elas das áreas financeiro-econômica, mercadológica ou administrativa, ou seja, ele é fator chave para demonstrar o quão o desempenho da organização é importante no cenário econômico.

 

O líder deve absorver de forma precisa, todos os meios de agilidade, interpretação, cognição, para assim, alcançar o objetivo da proposta apresentada pela organização de que faz parte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2       A  ARTE E O APRENDIZADO DA GERÊNCIA

 

 

      A Gerência é a arte de pensar, de tomar decisões, de agir e de fazer acontecer, para obter resultados.

     O profissional da administração precisa adquirir o conhecimento analítico – racional - científico que lhe permitirá obter uma grande capacidade analítica, podendo entender os problemas da organização, analisando-os, para a busca de solução. Porém, só este conhecimento não basta, pois ele precisa lidar com o outro lado da organização que é imprevisível, irracional, onde existe a interação humana. Para tanto precisa adquirir a capacidade gerencial de julgar para melhor decidir e agir. 

 

     A capacidade gerencial é obtida através do aprendizado gerencial sistemático, que engloba habilidades complexas como capacidade analítica de julgamento, de decisão e liderança e de enfrentar riscos e incertezas. Esse aprendizado deve ser somado aos conhecimentos adquiridos através das experiências interna e externa à organização em que se trabalha, pois essas acrescentam muito ao profissional.

 

     “O aprendizado gerencial é o processo pelo qual o indivíduo adquire novos conhecimentos, atitudes e valores em relação ao trabalho administrativo” (MOTTA, 1991, 8.ed., p. 28), através do mesmo o indivíduo fortalece sua capacidade de analisar problemas, conhece melhor seu próprio estilo de gestão, além de outras alternativas comportamentais, obtendo assim uma ação mais eficiente e eficaz em determinados contextos organizacionais.

 

 

 O aprendizado gerencial envolve quatro dimensões básicas, que são:   

 

a)  habilidade cognitiva: é a habilidade de se informar e aprender sobre a administração a partir do estoque de conhecimentos existentes, desde a definição de objetivos e formulação de políticas, até as idéias sistematizadas sobre estruturas, processos, técnicas e comportamentos organizacionais.

 

b)  habilidade analítica: consiste em identificar e diagnosticar problemas administrativos, separando–os em partes diferentes, para que seja possível rearrumá–los na busca de novas soluções e com essa habilidade aprende–se também a estabelecer relações entre fatores organizacionais.

 

c)  habilidade comportamental: com esta se conhece novas maneiras de interagir pessoas, através de padrões alternativos e socialmente válidos. Como exemplo pode-se citar novas formas de comunicação, de interagir em pequenos grupos, de exercer ou lidar com poder e autoridade.

 

d)  habilidade de ação: consiste em aprender a transformar conhecimentos e alternativas comportamentais em formas efetivas de ação. Envolve o melhor conhecimento de si mesmo, de seu papel na organização, do objetivo e do contexto da mesma, além do comprometimento com a missão sócio–econômica da instituição em que atua.

 

 

 

 

O último objetivo do aprendizado gerencial é fortalecer a capacidade de ação de seus dirigentes, pois as habilidades de cognição, analítica e comportamental só terão sentido na gerência se conduzirem a uma ação mais eficaz.

 

“A ação gerencial é uma expressão individual de autonomia, de reflexão e segurança, de conhecimento de si próprio e de seu papel na organização em que trabalha” (MOTTA, 1991, 8.ed., p. 30).

 

A ação reflete também o compromisso, a disciplina e adaptação pessoal na consecução de uma missão.

 

Portanto, o aprendizado gerencial traz a perspectiva de novos conhecimentos, mostra ao indivíduo novas formas de pensar e agir administrativamente, possibilitando ao mesmo participar e avaliar sua vida ou carreira profissional. “Ver, ouvir, ler e debater para pensar, julgar e agir melhor” (MOTTA, 1991, 8.ed., p.31)                                 

 

 

2.1 A INSUFICIENCIA DO SENSO COMUM

 

 

Geralmente, a perspectiva do senso comum tem embasamento na crença de que, as pessoas de bom senso, hábeis no manejo da autoridade em seu campo profissional, capazes de tomar boas decisões em termos de procedimentos técnicos e burocráticos da empresa em que vão atuar, podem se tornar bons dirigentes, reduzindo, assim, a escolha de profissionais a uma simples questão de seleção e lotação de pessoal colaborando com a perspectiva da inutilidade da formação e capacitação de pessoal para a gerência.

 

No decorrer do crescimento, desenvolvimento e complexidade alcançados pela empresa moderna, não se encontra dirigentes cuja ação fundamenta-se exclusivamente no bom senso e em experiências passadas.Visando responder a novas demandas e necessidades, torna-se necessário desenvolver a capacidade gerencial.

 

De acordo com Motta (1991, p. 32)

O aprendizado gerencial procura trazer novas perspectivas à análise, compreensão e solução aos muitos problemas administrativos familiares aos dirigentes, pela sua experiência de trabalho ou mesmo pelo senso comum.

 

     “A formação e o treinamento gerencial constituem, antes de tudo uma oportunidade de desenvolvimento pessoal” (MOTTA, 1991, 8.ed., p.32).Conferindo ao indivíduo uma nova visão de si próprio, de sua natureza, de sua carreira, de seu futuro e de sua organização, a aquisição de novas habilidades cria alternativas para o indivíduo em relação à carreira, à vida, ao trabalho, contribuindo para reforçar o poder de liderança e reconhecimento dos que já são dirigentes.

 

“Pessoas com mais conhecimento e habilidade tornam-se mais autoconfiantes e ajudam a criar um clima organizacional de maior segurança e crença no êxito futuro”(MOTTA, 1991, 8.ed., p.32).

 

    

2.2   OS LIMITES E PRIORIDADES DO CONHECIMENTO GERENCIAL

 

     A gerência surge da necessidade da cooperação entre os indivíduos. Para exercitá-la, é necessário uma equipe, com um objetivo comum, utilizando ações calculadas ou racionalidade de meios para alcançar esses objetivos, com cooperação e coordenação entre os indivíduos.

 

     A organização do trabalho está ligada à atividade administrativa. O consentimento e a cooperação humana devem ser estruturados de forma a “atrair, manter e substituir pessoas em função de suas possibilidades de contribuição”. O planejamento, a divisão do trabalho, a especialização, a definição de responsabilidade, o controle e a coordenação devem instituir o sentido da racionalidade calculada.

 

     A gerência de alto nível é fundamental e insubstituível para atender aos interesses comuns e para o eficiente cumprimento dos objetivos da organização.

 

As áreas do conhecimento administrativo podem se agrupar da seguinte forma:

 

a)     estratégia: o dirigente deve considerar tudo aquilo que influencia na organização, para que se possa identificar futuros alternativos, lidando com o “incerto, o imprevisto e o não-familiar”, sempre visando alcançar os objetivos da organização. Esta área do conhecimento administrativo é de alta importância na formação gerencial;

 

b)     racionalidade administrativa: é necessário seguir uma ação racional calculada, utilizando os meios para atingir eficientemente os fins desejados, ou seja, alcançar os objetivos da organização. A coordenação e o controle, funções fundamentais da gerência , são decorrentes da ação racional calculada. A compreensão das técnicas gerenciais para essa área de conhecimento são importantes para a gerência intermediária, já os dirigentes devem apenas estar informados;

 

c)     liderança e habilidades interpessoais: função gerencial em que o dirigente deve articular, coordenar, harmonizar as tarefas, motivar, auxiliar na solução de problemas, enfim, influenciar os outros na busca de um objetivo comum;

 

d)     processo decisório: envolve a capacidade de lidar com os problemas que gerem desvios na ação racional, buscando soluções para estes. Os dirigentes devem conhecer a organização, a divisão e especialização do trabalho, a divisão de poder e autoridade, as formas de conhecer as informações internas e externas, as formas comportamentais humanas e as possibilidades de definir os processos seqüenciais interdependentes. Mas as habilidades gerenciais no processo decisório vão além dos aspectos formais: os dirigentes devem conhecer a organização informal, o que não foi planejado e, portanto, é imprevisível.

 

O objetivo do trabalho gerencial é fazer com que as organizações operem da melhor maneira possível, com eficiência e eficácia. Para tanto, é necessário conhecê-la em todos os âmbitos.

 

2.3 O ALVO DO APRENDIZADO: TODOS OS GERENTES COMO DIRIGENTES DE ALTO NIVEL

 

A forma de organização no mundo moderno tem modificado e, com isso, dimensões clássicas de gestão; substituindo formas rígidas por formas mais flexíveis. Estrutura, especialização e até mesmo, hierarquia adquirem características de flexibilidade até pouco tempo desconhecidas ou não praticadas.

Essas alterações são provocadas pela evolução do meio social, econômico e político em que se inserem as organizações de trabalho. Em função dessa evolução, pode-se verificar que as organizações ganharam novidades como:

 

a)  transações ambientais: contatos externos diversos, com público, clientela e outras instituições antes concentradas no topo;

 

b)  participação no processo decisório: antes limitada a dirigentes e técnicos, passa a envolver funcionários de nível hierárquico mais baixo;

 

c)  estruturas organizacionais: passam a sofrer pressões acentuadas para a descentralização, modulação e atomização;

 

d)  Informações antes tratadas de forma cautelosa: passam a ser divulgadas a todos os funcionários, além de pessoal externo.

 

Essas modificações, ao mesmo tempo em que tornam complexa a gerência de alto nível, fazem com que gerentes de nível intermediário tenham necessidade do mesmo tipo de conhecimento.O trabalho gerencial, hoje em dia, mostra discrepância com a visão clássica que fundamentava a gerência por níveis hierárquicos.

Comparemos no quadro abaixo, a discrepância entre a visão gerencial clássica e a visão gerencial contemporânea.

 

 

 

 

Perspectiva Clássica

Realidade Contemporânea

Alto Nível

Dirigentes trabalham na formulação de políticas e estratégias, pensando no futuro da organização e desenvolvendo alternativas de longo prazo. Procuram exercer liderança e estabelecer as relações fundamentais.

Dirigentes trabalham na solução de problemas urgentes e de curto prazo, numa função fragmentada por reuniões e contatos externos e internos. Frustram-se pela pouca disponibilidade para planejar e pensar no futuro e pelas dificuldades burocráticas para o exercício da liderança.

Nível Intermediário

Gerentes de nível intermediário tratam dos meios necessários para atingir os objetivos estratégicos. Trabalham em operações de curto prazo e menor escopo, dentro dos limites estratégicos fixados pelos níveis superiores.

Trabalham no desenho de projetos e planos futuros em meio a pressões de cima e de baixo para solução de problemas. Frustram-se pela pouca atenção superior a suas idéias de futuro e pelas inabilidades constantes de subordinados em resolver questões rotineiras.( Função em decadência)

Nível de Supervisão

Supervisores gerenciam processos técnicos e rotineiros necessários à conclusão de tarefas específicas. Trabalham com escopo e prazo restritos e fixados nos níveis intermediários.

Trabalham em propostas de solução de questões estratégicas, pressionados por clientela e subordinados, para serem levados à alta direção. Adquirem hoje informações quase semelhantes a níveis superiores.( Função de importância crescente devido à descentralização)

 

                               (MOTTA, 1991,2.ed., p.36)

             

De forma analógica pode ser vista a função gerencial quando se tenta estabelecer variações por níveis sistêmicos. A visão sistêmica de interdependência, limites definidos e divisão por subsistemas sofre das mesmas ambigüidades e impressões que caracterizam a visão organizacional de fronteira, limites e hierarquia. Se funções gerenciais antes consideradas típicas de um nível hierárquico compõem, hoje em dia, parte importante de outro, pode-se concluir que não há mais base lógica para separar formação gerencial de forma rígida e tipificada por níveis hierárquicos ou sistêmicos.

 

O aprendizado da gerência deve incluir um conjunto de conhecimentos comuns a todos que exercem ou pretendem exercer a função gerencial. Por se tratar de função voltada ao direcionamento da organização, esses conhecimentos devem ser definidos a partir da perspectiva clássica de alto nível, e não das práticas técnicas habituais dos níveis de supervisão.