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Com a chegada de 2025, o cenário de compliance e governança corporativa no Brasil e no mundo passa por transformações significativas. As empresas enfrentam desafios crescentes, impulsionados por avanços tecnológicos, mudanças regulatórias e uma maior conscientização sobre questões ambientais, sociais e de governança (ESG).
A incorporação de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) consolidou-se como um dos pilares centrais das estratégias corporativas globais. No Brasil, essa tendência ganha força com iniciativas regulatórias e demandas sociais que pressionam as empresas a adotarem políticas mais transparentes e responsáveis. A Controladoria-Geral da União (CGU), por exemplo, sinalizou a ampliação do conceito de integridade corporativa, contemplando elementos que vão além da conformidade legal, como responsabilidade social e respeito ao meio ambiente.
Esse movimento reflete a crescente valorização de empresas que demonstram compromisso real com a sustentabilidade, indo além do discurso para integrar essas práticas em seus processos diários. Para tanto, as organizações precisam revisar profundamente seus programas de compliance, ajustando políticas internas, códigos de conduta e procedimentos de auditoria para atender aos novos padrões.
Mais do que uma obrigação regulatória, a adoção de práticas ESG também se traduz em vantagem competitiva. Investidores, consumidores e parceiros de negócios estão cada vez mais atentos à postura ética das empresas, priorizando aquelas que incorporam critérios sustentáveis em suas operações. Nesse sentido, a cultura organizacional desempenha um papel crucial: é necessário promover um ambiente em que a sustentabilidade, a ética e a governança estejam no centro das decisões estratégicas.
Além disso, as empresas enfrentam o desafio de medir e reportar os impactos de suas ações ESG de forma transparente e confiável. Relatórios de sustentabilidade e auditorias independentes se tornam ferramentas indispensáveis para demonstrar compromisso e evitar acusações de "greenwashing" — práticas de marketing que exageram ou falsificam o real impacto ambiental das ações corporativas.
Em última análise, a integração de ESG nos programas de compliance representa não apenas um alinhamento com tendências globais, mas também um compromisso com o futuro. Empresas que investem nessa direção estão melhor preparadas para enfrentar desafios regulatórios, fortalecer sua reputação e, sobretudo, contribuir para um desenvolvimento econômico mais equilibrado e sustentável.
A transformação digital continua a impactar profundamente as áreas de compliance e governança corporativa, com a inteligência artificial (IA) desempenhando um papel central nesse processo. Ferramentas baseadas em IA estão revolucionando a maneira como as empresas identificam, gerenciam e mitigam riscos, proporcionando não apenas maior eficiência, mas também um nível de precisão sem precedentes na análise de dados e na tomada de decisões.
Uma das principais contribuições da IA no compliance é sua capacidade de processar e analisar grandes volumes de dados em tempo real. Com isso, é possível identificar padrões de comportamento suspeitos, detectar fraudes e prever riscos antes que eles se materializem. Sistemas de aprendizado de máquina, por exemplo, são amplamente utilizados para monitorar transações financeiras, detectar irregularidades em contratos e acompanhar mudanças regulatórias, tudo de forma automatizada e com alta assertividade.
Além disso, a IA está tornando os processos de auditoria mais ágeis e eficazes. Ao automatizar tarefas repetitivas e consumir menos tempo para verificar conformidade, as empresas conseguem direcionar seus recursos humanos para atividades mais estratégicas, como a revisão de políticas e o treinamento de equipes. Esses avanços permitem não apenas maior eficiência operacional, mas também uma redução significativa nos custos associados ao cumprimento de normas e regulações.
No entanto, o uso da inteligência artificial no compliance não está isento de desafios. A regulamentação dessas tecnologias é um tema em constante evolução, especialmente no que diz respeito à proteção de dados e à garantia de direitos de empregados e terceiros. É necessário que as empresas implementem controles rigorosos para garantir que o uso de IA seja ético e em conformidade com as legislações vigentes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na Europa.
Outro ponto crucial é a transparência dos algoritmos de IA. Decisões tomadas por essas tecnologias, como a análise de crédito ou a seleção de candidatos em processos seletivos, devem ser auditáveis e explicáveis, de modo a evitar discriminações ou violações éticas. Assim, além da adoção tecnológica, é imperativo que as empresas estabeleçam políticas robustas de governança sobre o uso da IA.
Em última análise, os avanços tecnológicos e a inteligência artificial estão redefinindo o futuro do compliance, trazendo benefícios significativos para as organizações. Contudo, sua implementação deve ser acompanhada de cuidados com a ética, a transparência e a regulamentação, garantindo que a tecnologia seja um aliado na construção de um ambiente corporativo mais seguro, eficiente e sustentável.
O cenário regulatório global nunca foi tão complexo. À medida que governos e órgãos reguladores introduzem novas normas e revisam legislações existentes, as empresas enfrentam o desafio de manter a conformidade enquanto garantem eficiência operacional. Essa realidade exige uma abordagem estratégica para equilibrar a crescente pressão regulatória com a necessidade de operar de maneira ágil e economicamente sustentável.
A Pesquisa Nacional sobre as Necessidades e Tendências do Compliance aponta que, embora a conformidade seja indispensável, muitos departamentos enfrentam restrições orçamentárias que limitam a capacidade de atender a demandas crescentes. Esse contexto força as organizações a repensarem suas abordagens, buscando formas de maximizar a eficiência sem comprometer a qualidade dos programas de compliance.
A automação tem se mostrado uma das soluções mais eficazes para lidar com a complexidade regulatória. Ferramentas tecnológicas, como softwares de gestão de compliance, permitem monitorar mudanças regulatórias em tempo real, rastrear obrigações legais e realizar auditorias de maneira mais ágil e precisa. Além disso, a automação reduz a probabilidade de erros humanos, um fator crítico em processos que demandam alta atenção aos detalhes. Por exemplo, empresas que operam em mercados altamente regulados, como o setor financeiro ou de saúde, utilizam sistemas automatizados para gerenciar licenças, relatórios obrigatórios e requisitos fiscais.Essas ferramentas não apenas garantem conformidade, mas também liberam equipes para se concentrarem em atividades estratégicas, como análise de risco e desenvolvimento de políticas internas.
Outra tendência crescente é a terceirização de funções de compliance para especialistas externos. Empresas de todos os portes têm recorrido a consultorias e provedores de serviços que oferecem expertise específica em áreas como auditorias regulatórias, análise de riscos e treinamento de equipes. Essa abordagem não só reduz custos operacionais, mas também proporciona acesso a conhecimentos atualizados, algo essencial em um ambiente regulatório em constante mudança.
Além das soluções tecnológicas e de terceirização, é crucial que as empresas desenvolvam uma cultura interna de conformidade. Isso inclui capacitar equipes para se adaptarem rapidamente a novas exigências e fomentar uma mentalidade de proatividade frente às mudanças regulatórias. Treinamentos regulares, atualizações sobre legislações e investimentos em profissionais qualificados são medidas indispensáveis para garantir que as organizações estejam preparadas para enfrentar a complexidade do ambiente regulatório.
O papel dos profissionais de compliance está em constante evolução. Habilidades como análise de dados e tomada de decisões rápidas são cada vez mais valorizadas. A Pesquisa Nacional indica que 68,8% dos profissionais consideram a análise de dados uma competência essencial, refletindo a necessidade de adaptação às novas demandas do mercado.
A participação ativa da alta administração é fundamental para o sucesso dos programas de compliance. A Pesquisa de Maturidade de Compliance no Brasil revela que 68% dos executivos revisam e aprovam anualmente o programa de compliance, demonstrando comprometimento com a conformidade e a integridade dentro das empresas.
Em 2025, as empresas que buscam excelência em compliance e governança corporativa deverão integrar práticas ESG, adotar tecnologias emergentes, aprimorar a eficiência operacional e desenvolver novas competências em seus profissionais. O envolvimento da alta administração e a adaptação às complexidades regulatórias serão determinantes para o sucesso e a sustentabilidade dos negócios.
Publicado por Juliana Moratto
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